domingo, 13 de março de 2016

A Revolução a 40 Km/h das Caldas para Lisboa


“Saíram do quartel das Caldas da Rainha para fazerem a revolução. À beira de Lisboa, os oficiais da RI5 voltaram para trás. A má comunicação e a chuva impediram que o 25 de Abril de 1974 tivesse nascido no 16 de Março.

Céu cinzento. Sábado. Meia-noite. 16 de Março. 1974. Uma arma. Dois homens. Defrontam-se. Virgílio Varela, o então novato capitão do Movimento das Forças Armadas (MFA) detém o segundo-comandante do Regimento de Infantaria 5 (RI5) das Caldas da Rainha. Os camaradas Rocha Neves e Silva Carvalho aparecem. Neutralizam a direcção da unidade. O comandante acorda. Mal larga a cama é preso.

As tropas movimentam-se. Camiões. Unimogues. Berliets. Jipes formam a coluna que estava pronta para partir. A meta era ocupar o aeroporto da Portela. E os militares estão impacientes. Têm pressa. Pensam que estão atrasados. Outras forças esperam por eles. Engano. A R15 é a única que está a cumprir o plano, desde há semanas alinhavado e confirmado na véspera, em Lisboa, na casa de Manuel Monge, capitão do MFA, onde estavam presentes Otelo Saraiva de Carvalho e Casanova Ferreira.

O velocímetro não impõe milagres; 40 km/hora era o máximo que as máquinas bélicas suportavam. Mesmo assim, às seis da manhã, alcançam a capital. A três quilómetros das portagens de Sacavém deparam-se com um golpe totalmente distinto do almejado. Dentro de um Mini, os majores Casanova Ferreira e Manuel Monge trazem novidades. Péssimas; para darem meia-volta e voltar para o lugar de onde tinham vindo.”

1 comentário:

Luis Eme disse...

Um belo resumo do 16 de Março.