Num recente encontro de Amigos em Amarante, tive oportunidade de visitar a casa de Teixeira de Pascoais ou o Poeta do Marão como alguém o chamou.
A visita só foi possível graças à boa vontade de uma familiar do poeta, pois tanto quanto me apercebi todo o espólio ainda se encontra na posse da família e não está aberto ao público, o que por outro lado não permite uma conservação adequada devido aos elevados custos de manutenção.
Teixeira de Pascoaes (Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos) nasceu em Amarante, a 2 de Novembro de 1877, e faleceu a 14 de Dezembro de 1952. Estudou no Liceu Nacional de Amarante, tendo partido para Coimbra em 1896, onde conclui o seu curso de direito.
Nunca se adaptou à vida normal coimbrã seguida pelos estudantes de então, confinando-se ao seu quarto, aos seus livros, aos seus papéis e às suas ruminações de homem que "não fora feito para este mundo".
O verdadeiro amor de Pascoaes dirigia-se à natureza, ao silêncio, ao mistério, aos fantasmas. O mundo fantástico era o seu mundo".
Durante a passagem por Coimbra, fez alguns amigos como Fausto Guedes Teixeira, Augusto Gil, João Lúcio e Afonso Lopes Vieira. Conheceu Leonardo Coimbra, Jaime Cortesão e Raul Brandão, entre outros.
Embora estes “assuntos da poesia ” sejam mais a especialidade do meu amigo Orlando Santos, escolhi este poema para terminar este pequeno apontamento.
A MÁSCARA
Esta luz animada e desprendida –
Duma longínqua estrela misteriosa
Que, vindo reflectir-se em nosso rosto,
Acende nele estranha claridade;
Esta lâmpada oculta, em nossa máscara
Tornada transparente e radiante
De alegria, de dor ou desespero
E de outros sentimentos emanados
Do coração dum anjo ou dum demónio;
Este retrato ideal e verdadeiro,
Composto de alma e corpo e de que somos
A trágica moldura, errando à sorte,
E ela, é ela, a nossa aparição,
Feita de estrelas, sombras, ventanias
E séculos sem fim, surgindo, enfim,
Cá fora, sobre a Terra, à luz do Sol.
Teixeira de Pascoaes
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