Provavelmente se perguntarmos aos Caldenses onde fica o Largo Frederico Pinto Basto, uma grande maioria não saberá a resposta.
O largo fica no Bairro da Ponte, junto à Farmácia Perdigão, antes Correia Mendes.
Este Largo faz parte da minha infância, pois o Bairro da Ponte foi a minha “casa” durante largos anos e obviamente acompanhei a evolução urbana deste espaço aqui bem documentada nestas fotos, uma dos anos sessenta e outra recente.
Deste largo tenho a recordação do “café do Diamantino”, da sede dos Pimpões, dos bailes dos Santos Populares e das noites de conversa passadas no muro do Chafariz.
Nos anos sessenta e setenta, o Bairro da Ponte era um bairro eminentemente operário, aliás, para a cidade, este foi sempre o bairro do “outro lado da linha”.
Claro que com a deslocalização das pessoas, este sentimento já não faz sentido; além disso, o Largo está lindo e tem o “Café Creme” onde servem uma bica quase tão boa como a simpatia do Abílio e do Vitor que são responsáveis por atravessar a cidade diariamente para a bica da noite.
7 comentários:
O arranjo do largo, acabou com o caos que por lá reinava. Criou-se de certa maneira uma nova centralidade, criando espaço para uma utilização apenas pedonal. Está na minha opinião muito melhor, não o desejável mas o possível.
Gostava de saber a opinião daqueles que tanto alarido fizeram aquando das obras. O imobilismo infelizmente ainda hoje faz o seu percurso..
Meus amigos, um Caldense, já com 66anos, penso toda a Cidade nova deveria ter sido contruida nesse Bairro e nunca como o fizeram, misturando edificios novos dentro da Cidade antiga.
Um abraço amigo
João Ramos Franco
Nos anos 60, era tal e qual como diz,"o bairro do outro lado da linha". Lembro de ser miúda e de ter reparado que o lado de lá da ponte me era totalmente desconhecido.
Não sou nada da opinião que toda a cidade nova devia ter sido construída no Bairro da Ponte. Quem cá mora como eu há mais de 45 anos não pode achar essa uma boa ideia. O Bairro da ponte era uma bairro de moradias, pacato e sem caos. A partir do momento em que os interesses imobiliários se instalarem, com a conivência da Autarquia, a paz acabou-se. Prédios de 3, 4, 5 e 6 pisos trouxeram mais uns milhares de pessoas, carros e tudo o mais para as ruas de moradias, tendo-se instalado um autênctico pandemónio, que é o que temos hoje. Foi um crime a Câmara ter permitido construir-se prédios em zonas de moradias, o que descaracterizou o bairro e perterbou o sossego dos residentes. A falta de planeamento tradicional dos decisores locais só poderia dar o que deu.
Quem não olhar para estes "pormenores" até pode achar que assim está muito melhor...
Meu caro Filipe Domingos
Claro que concordo com sigo. Não estou de acordo planos de construção adulterem a vivencia social existente. Mas uma cidade deve crescer tendo em conta todos pressupostos que cita e até muitos mais.
João Ramos Franco
Infelizmente o " Bairro da Ponte" transformou-se num "dormitório", sobretudo com aquilo que os dormitórios têm de pior.
Um dos problemas prende-se com a gestão da freguesia, está entregue ao pessoal do bairro dos arneiros e esses, estão-se a vingar.
Do facto do Bairro da Ponte estar a anos luz em termos civilizacionais
Curiosamente é um largo que faz parte da minha infância, adolescência e idade adulta. Para mim, o «Café do Diamantino» nunca foi o café do Diamantino. Foi sim, o café da Ema (a esposa do Sr. Diamantino), onde muito brinquei, comia as sombrinhas Regina e os gelados da Rajá. Curiosamente o nome do Café é Rafael Bordalo Pinheiro e entre distintos frequentadores teve o saudoso Zeca Afonso, com qual tive o prazer de conversar por diversas vezes.
A farmácia Correia Mendes, agora Perdigão, sempre foi para mim a farmácia do Sr. Humberto. Antes do novo edifício, no primeiro andar havia um alfaiate e na Rua Dr. Augusto Saudade e Silva, onde está hoje o estacionamento da farmácia, lembro-me bem de existir um sapateiro conhecido, se não me falha a memória, por «Pila».
Passei bons tempos de estudo Universitário, aos fins-de-semana, no Café Creme na década de 80, na época o dono era um sobrinho do Sr. Diamantino.
Longe vão os tempos em que os moradores da Rua Dr. Augusto Saudade e Silva e do Largo Frederico Pinto Basto se conheciam bem uns aos outros. Eram os tempos dos meus avós e da geração da minha mãe.
Hoje quando lá chego, é uma tristeza. Mataram a alma do Bairro da Ponte dos meus tempos de infância. Dos tempos em que passava pela vivenda do Dr. Costa e Silva e a sua esposa - que sempre tratei e conheci por a Madame, sem saber o seu nome - me oferecia algumas das deliciosas frambroesas por ela cuidadas.
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