segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Rafael Bordalo Pinheiro

"Nunca cursei academias. Tenho o curso da Rua do Ouvidor...Cinco anos. Canto de ouvido"
Um homem de sorriso largo, com o seu traço irreverente e satírico construiu uma galeria de figurões políticos e financeiros "de todos os mil grotescos que por ahi fervilham como formigas num assucareiro", intervindo decisivamente na demolição das estruturas caducas duma monarquia decadente e na rápida ascensão e propagação dos ideais republicanos. Boémio incorrigível de olhos maliciosos a cintilar por entre o monóculo, o pai do famoso Zé Povinho, teve uma vida curta mas atribulada.
Rafael Bordalo Pinheiro nasceu em Lisboa a 21 de Março de 1846, foi sempre um apaixonado pelo lado boémio da vida da Capital. Frequentou as Belas Artes o Curso Superior de Letras da Escola de arte Dramática, mas foi a caricatura que o lançou para a ribalta do humorismo gráfico a partir do êxito alcançado com O Dente da Baronesa (1870). Depois de várias participações em publicações estrangeiras e nacionais e de uma estadia no Brasil, regressa e começa trabalhar no “António Maria”(1879). Seguiu-se o Álbum das Glórias (1880), No Lazareto de Lisboa (1881), Pontos dos Iis (1885) e, finalmente, A Paródia (1900).
Em 1884, paralelamente à sua actividade como caricaturista e ilustrador, experimenta o barro nas oficinas de Gomes de Avelar e, pouco tempo depois, continua durante 21 anos na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha.
Depois de uma vida cheia, em 23 de Janeiro de 1905 não resiste a uma lesão no coração e morre em Lisboa, mas a actualidade da sua obra faz com que esta seja intemporal.

1 comentário:

Luis Eme disse...

Rafael foi um grande cidadão do mundo, e das nossas Caldas...

Tinha uma capacidade de observação impar e a felicidade de conseguir transportar para o papel, de uma forma única, o seu dia a dia...