domingo, 18 de junho de 2006

Uma Gaivota voava, voava...


A propósito desta fotografia veio-me à lembrança um poema da Ermelinda Duarte muito em voga em 1975. Resquícios do 25 de Abril.

Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.

Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia,
crescia, grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.

1 comentário:

Zé ParrulaPiteira disse...

Uma criança dizia , quando fôr grande não vou combater .
E não combatemos , que assim seja agora e sempre e que Abril não seja só um mês ,
Abraço
Ze Piteira