sábado, 16 de maio de 2020

Não se deixem confinar pelo medo

Esta pandemia que trouxe à sociedade profundas alterações de comportamentos, trouxe também o MEDO e a ansiedade o que torna estes tempos “estranhos”.
Vem isto a propósito sobre um texto que li de J. Rentes de Carvalho, 90 anos, escritor português que vive na Holanda há 64 anos, fala sobre O MEDO, e vale a pena ler, porque acho que devemos ser cuidadosos , responsáveis e prudentes mas tudo gerido com bom senso.

…“Gostaria de ser profeta, daqueles que anunciam boas novas, mas para ser franco devo dizer que nada do que aconteceu no mundo desde que nasci me causou um abalo tão forte como o que esta pandemia prenuncia. E não falo das mortes, pois de uma maneira ou de outra é esse o nosso destino, mas deste medo generalizado que pode levar a mudanças radicais. Assusta-me ver como as pessoas tão docilmente aceitam medidas que lhes coartam a liberdade, lhes impõem uma quarentena drástica, como as autoridades calam os cientistas que provam a insensatez de tanta obrigação. Assusta-me também a perspetiva de que este ambiente de medo veio para ficar, porque ajuda eficazmente a manter o cidadão assustado, obediente, pronto a denunciar o vizinho que não obedece. Por muito democráticos que sejam ou aparentem ser, todos os governantes sonham com um rebanho dócil, e nenhum é mais agradável do que aquele que sem discutir aceita as ordens do pastor. Em situações assim, e dando esse resultado, pouco importa se o rótulo é do centro, dos extremos ou das alturas, socialista, comunista, liberal ou monárquico, o que conta é que o povo tenha medo. E o medo que já está connosco vai ficar, como vai ficar e crescer a nova casta de comentadores que tudo sabem de virologias, epidemias, cuidados intensivos, febres, contágios, etc. Numa questão de meses esses ultrapassaram já os comentadores da política e da economia, serão eles os novos e muito eficientes lacaios do poder, vão subir ao estrelato os que melhor souberem assustar.”

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