quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O TGV

Nesta altura dos acontecimentos já toda a gente “botou faladura” sobre o TGV. Para não correr o risco de ser ostracizado pela sociedade vou também dar a minha opinião.
Não pondo em causa as maravilhas da mecânica que permitem um comboio deslocar-se a velocidades supersónicas questiono-me se traz algumas vantagens este tipo de transporte.
O TGV é um transporte pensado para países, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo, por isso esta não foi opção para países como a Noruega, Suécia, Holanda muitos outros países ricos mas com pouca extensão.
Tirar 20 ou 30 minutos ao Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhões de euros não trará qualquer benefício à economia do País. Segundo li a participação económica da comunidade europeia é de cerca de 2 mil milhões de euros. E que tal abandonar este projecto megalómano e aplicar algumas verbas a melhorar a rede de comboios tão mal aproveitada.
Actualmente a diferença para o anuncio que se reproduz, é o preço, porque de Caldas a Lisboa continua-se a demorar 3 horas , para percorrer os 80 km que nos separam da Capital.

3 comentários:

Artur R. Gonçalves disse...

A dimensão de Portugal deixou de caber nas fronteiras nacionais de um país periférico. Em tempos cabia no mundo, onde não se podia ir de comboio. Agora cabe em todos os lugares que a globalização foi criando desde a descoberta da verdadeira dimensão da terra. Os meios de viajar vão-se acomodando aos tempos. O TGV (talvez CAV na nossa linguagem), mais tarde ou mais cedo fará a Europa mais pequena. Se o receio dos incêndios que as locomotivas a vapor causava nas pessoas no início da Revolução Industrial tivesse sido ouvido pelos governantes da época, nós ainda nos deslocaríamos nas velhas diligências reais, os caminhos de ferro seriam uma miragem e a CP ter-se-ia visto impedida de publicar o Aviso ao Publico do novo serviço de «tramway» entre as Caldas e S. Martinho. Teria sido uma pena. Nós agora não teríamos de que sorrir. A alta velocidade é a realidade dos nossos dias a que não nos podemos furtar. O Velho do Restelo descrito por Camões n’ «Os Lusíadas» (IV 90-104) bem se carpiu contra a política dos monarcas de Avis no momento da largada das naus portuguesas para as Índias: «Ó glória de mandar! Ó vã cobiça (…) A que novos desastres determinas / De levar estes reinos e esta gente?». O reino sobreviveu, uns foram outros voltaram e a vida continuou o seu percurso implacável e até nos apanhar no dealbar do III milénio.

J L Reboleira Alexandre disse...

Gostei do post e do comentário. Apesar de à priori parecerem antagónicos, não é tanto assim. Afinal a nossa vivência diária, marca-nos e de que maneira. Os dois são o resultado disso mesmo.

Já agora devo dizer que o TGV ou CAV ou AVE lá do outro lado da fronteira são criações da Europa e de certas partes da Ásia. Na enorme, em todos os aspectos, América, quase nem se fala nisso, e a maioria das locomotivas ainda usam o Diesel. Formas diferentes apenas de encarar o progresso.

Anónimo disse...

Jáagora e aproveitando a embalagem...vou também dar a minha modesta opinião...
Admito a constução do TGV Lisboa/Madrid, para ligação ao resto da Europa, mas acho um desperdício de dinheiro (que se não tem...) a ligação Lisboa/Porto, porque como muito bem diz o Zé...
Justificará um tal investimento o ganho de tempo de 15/20 minutos...?

Parece-me que este caso..ou é uma monumental teimosia...ou alguém (que não a maioria dos portugueses...) vai fazer um grande negócio...!!!

Mas eles é que sabem...!!!

Maximino