“Saíram do quartel das
Caldas da Rainha para fazerem a revolução. À beira de Lisboa, os oficiais da
RI5 voltaram para trás. A má comunicação e a chuva impediram que o 25 de Abril
de 1974 tivesse nascido no 16 de Março.
Céu cinzento. Sábado.
Meia-noite. 16 de Março. 1974. Uma arma. Dois homens. Defrontam-se. Virgílio
Varela, o então novato capitão do Movimento das Forças Armadas (MFA) detém o
segundo-comandante do Regimento de Infantaria 5 (RI5) das Caldas da Rainha. Os
camaradas Rocha Neves e Silva Carvalho aparecem. Neutralizam a direcção da
unidade. O comandante acorda. Mal larga a cama é preso.
As tropas
movimentam-se. Camiões. Unimogues. Berliets. Jipes formam a coluna que estava
pronta para partir. A meta era ocupar o aeroporto da Portela. E os militares
estão impacientes. Têm pressa. Pensam que estão atrasados. Outras forças
esperam por eles. Engano. A R15 é a única que está a cumprir o plano, desde há
semanas alinhavado e confirmado na véspera, em Lisboa, na casa de Manuel Monge,
capitão do MFA, onde estavam presentes Otelo Saraiva de Carvalho e Casanova
Ferreira.
O velocímetro não
impõe milagres; 40 km/hora era o máximo que as máquinas bélicas suportavam.
Mesmo assim, às seis da manhã, alcançam a capital. A três quilómetros das
portagens de Sacavém deparam-se com um golpe totalmente distinto do almejado.
Dentro de um Mini, os majores Casanova Ferreira e Manuel Monge trazem
novidades. Péssimas; para darem meia-volta e voltar para o lugar de onde tinham
vindo.”
1 comentário:
Um belo resumo do 16 de Março.
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